MANUANTUNES

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                            Coronel Magalhães Barata ( Belém do Pará)

 

Em Belém, a economia cresceu rapidamente no século XIX e início do século XX, com a exploração da borracha, pela extração do látex. Essa antiga época, ficou conhecida como Belle Époque, marcada pelo avanço do traço econômico e cultural, em nossa região norte. Nesse período o Pará experimentou um ciclo econômico na exploração da borracha. Esse momento áureo, no que diz respeito, arquitetou-se à urbanização e embelezamento de nossa cidade. Nasceu a construção do Teatro da Paz, tendo como resultado a circulação de capital, para avolumar a arte na história do Pará. Paraenses donos de terras da extração de borracha ficaram afortunados. Muitos compravam roupas francesas, porcelanas, quadros famosos, e músicos adquiriram o caro piano de cauda (de fabricação italiana), cujo som é exemplar. Tudo chegava ao porto de Belém, vindo da França. O grande mentor e intendente foi Antônio Lemos(maranhense). Ele fez transformação urbanística em Belém. A cidade chegou a ser conhecida como Paris n'América (como referência à influência da urbanização que Paris sofrera na época, que serviu de inspiração para Antônio Lemos). Nesse período, por exemplo, o centro da cidade foi intensamente arborizado por mangueiras trazidas da Índia. Daí o apelido da cidade das mangueiras (hoje já são centenárias). Avante com o declínio do ciclo da borracha, veio uma angustiante estagnação. Morre o intendente Antônio Lemos, em 2 de outubro de 1913, no Rio de janeiro, com o transladar de suas cinzas para Belém e ser sepultada no Palácio Antônio Lemos. Passaram anos e entre alguns governos do estado, foram maior parte por paraenses. Entrementes, um governante foi destacado, na larga extensão geográfica do estado do Pará. O presidente Getúlio Vargas(ditador), nomeou o interventor Joaquim de Magalhães Cardoso Barata, no Pará, em 1942. Magalhães Barata(paraense), no decurso de mandado, seu governo foi bem aceito no seio da sociedade pelos menos favorecidos. Apesar de pertencer na era da ditadura, sua pessoa era justo, honesto e não corrupto. Adorava tomar açaí com farinha no almoço e depois um breve descanso de tarde, de duas horas. Mas como ditador era temido, mormente, quando aparecia de surpresa no Ver-o-Peso, para fiscalizar os preços das carnes e dos peixes. De logo gritavam: Lá vem o coronel ! Os trabalhadores cuidavam de reduzir os preços dos produtos. Ele fazia audiência de instrução e julgamento no palácio do governo. E aí daquele de que não cumpria a execução da sentença. Certa feita, havia um italiano trabalhador e modesto, fazia transporte de mudança do piano de cauda de uma casa para outra. Este colocava uma rodilha sobre cabeça e quatro pessoas o ajudavam a deslocar o piano e colocar a carga em cima da rodilha, somente ele realizava esse serviço. Isso acontecia, devido haver rejeição de transporte do piano de cauda (tendo a massa variada entre (200kg a 300kg) pela cidade. O trabalhador quando sentia estar em equilíbrio o piano, começava a seguir seu caminho, mas em passos não largos, pela rua, mormente, pelas proximidades da avenida Assis de Vasconcelos. Entanto subia a rua Ó de Almeida com o piano equilibrado na cabeça. Lá estava uma turma de jovens, eram da burguesia, fumavam e jogavam conversa fora. A turma, disfarçadamente, deixava o italiano passar entre eles e com uma vara, cutucavam maliciosamente as nádegas do trabalhador, as risadas eram rasgadas pelos ares da maldade. O italiano sem ter opção alguma de não deixar o piano cair, sofria com a brincadeira de mau gosto. De certo quem apronta sempre esquece de um revide. Foi quando nada havia de fazer transportar, numa tarde de domingo. O italiano, sorrateiramente, pela retaguarda torceu em duas voltas um cabo de fio elétrico e lambou, dois ou três daqueles jovens. No mais tardar, a polícia leva o italiano para delegacia. O delegado tomou o depoimento das vítimas e do autor e sem saber como deveria agir, porque os jovens eram de filhos de doutores e bem-conceituados, no seio da sociedade. Fui quando deu um estalo. O delegado telefonou para o Magalhães Barata. A ordem dada pelo coronel por telefone de fio foi: para todos retornarem para seus domicílios e de manhã bem cedo todos deviam comparecer no palácio do governo. Obedecida a ordem do coronel ,todos saíram da delegacia. Na segunda feira bem cedinho, Magalhães Barata, ouvira todos os depoimentos. E de imediato deu ordem de prisão aos jovens, foi uma choradeira tremenda de mães pelo palácio do governo, isso é uma injustiça! Magalhães Barata morreu pobre, mas alguns assessores o traíram ( caso este verídico)

 

MANUANTUNES
Enviado por MANUANTUNES em 09/09/2022
Alterado em 09/09/2022


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