NA FLORESTA
No riacho onde se vê o curso da água, o tempo passa preenchendo a vida. Dissimulo um olhar de sentimento alheio, e de surpresa, deslumbro uma flor no fumo da paisagem. O rio ao vê-la, no verde da floresta, espalha fagulhas no céu, agita seu curso, lava as pedras dos musgos ao beiral, para banhar a flor de açucena. O vento açoita as folhas e farfalham canções. As flores desabrocham fragrâncias suaves pelos aires. O rio e a flor enlaçados descem o rego e seguem o caminho, como água que roda moinho no tempo de outrora. Até então, aborda ao porto
Lá as nuvens se aproximam com um manto branco para estender a cama na relva do gélido orvalho. A natureza que lhe fez mulher linda com frescor de coisa viva, é uma dádiva.
Só o sol é permitido ver a nudez que embrulha o tempo, amorna os cabelos que versam poesias e dispersa desejos em encantamentos, entre toques meigos nas costas na pele afeiçoada, despertando na carne e na alma as mudanças mais sensíveis.
Bem de longe, sufoco a voz e a alma recôndita, há um manto escuro deserto impedindo, o azul do céu. Invade-me uma certeza enorme de carinhos que já foram meus. Busco no horizonte o que ainda traz à lembrança, onde as paredes dos sentimentos foram limitadas. Porque dou-me nessa manhã a distância de uma felicidade