ÁGUA VIDA
Ombela, uma das deusas da chuva, vivia lacrimejando pelos cantos do templo de Zeus, dizia: o tempo por não ter constância de alegrias, faz da chuva uma tragédia,
Mas quando o céu e o mar se comprimem e se beijam no éter, eles deslaçam ventos e chuvas que umedece a terra. Confissões letárgicas silentes diante da chuva, são realizadas em lençóis úmidos, com as janelas fechadas. A canção dos pingos da chuva é uníssona, de uma mesma nota musical, ora aumenta ou ora baixa a sua intensidade.
No jardim, a chuva traz festa às plantas, elas são como crianças que gostam dos banhos e batem palmas com suas folhas orvalhadas.
O vento dita o ritmo e a chuva dança num salão vazio do asfalto. As folhas das árvores se desprendem como se fosse jogado confete ao ritual. Uma vez ou outra, janelas se abrem em saber se já houve o término do espetáculo.
Os namorados apaixonados se aconchegam entre abraços e beijos e fazem versos nos vidros dos carros embaçados. Crianças brincam em apostar qual o primeiro pingo a se desprender, na vidraça de seus quartos. A noite é bem acolhedora, o mimo da umidade faz-se vestir roupas quentes, na intenção do pleno sono pela madrugada fora.
A maior benção divina é de abrir as janelas, para um parto normal, onde o fluído amniótico ou bolsa de água localizada no ventre da gestante, dá maior proteção ao seu filho.
Nesse caso, o avido cheiro da flor de laranjeira, exala o estado maior do romantismo no olímpio, arquitetado em castelos úmidos, com primazia de ressaltar a todos, a arte do amor maior.