O BEM BOM ERA NAMORAR NO FUSCA
O antigo Fusca fabricado ,na Alemanha, foi um sucesso. Ele teve uma boa repercussão pelo mundo inteiro. No Brasil, passou a ser fabricado nos anos sessenta, e se tornou, o carro mais popular da época.
É verdade, naquele tempo, víamos muitos fuscas nas ruas, na maioria das cidades brasileiras. Trafegavam eles, aqui, ali e acolá, nas suas mais variadas cores exuberantes. O carro era o "supra sumo" do gosto brasileiro.
Os seus proprietários tinham orgulho de terem um Fusca na garagem das suas casas. Isso porque, os carros suportavam longos percursos, sua mecânica era de fácil acesso.
Até hoje, muitas histórias engraçadas, são contadas pelos donos dos Fuscas, daquela época, em suas respectivas andanças.
Muita vezes, são histórias que os jovens não sabem e nem conseguem compreender, qual é o motivo de seus pais terem tanta paixão por esse carro, e o que os levam a fazer de tudo para não se desfazerem do fusca.
Esse foi um fardo carregado por um jovem, durante algum tempo. Ele ficava encolerizado, todos os dias, quando dirigia o antigo Fusca do pai, na vereda para sua universidade. Dizia ele ao pai, quando voltava dos estudos: "venda esse carro, ele está bastante velho". Esta reclamação do filho, estava ficando insuportável e zumbia todos os dias, para seu pai tomar uma atitude sensata, com relação ao Fusca.
Até que um dia, seus pais já irritados, o chamaram e,definidamente,resolveram contar para o filho, o motivo pelo qual não queriam vender o Fusca. Disse o pai para o filho: esse carro velho tem um valor sentimental, muito especial, para eu e sua mãe. Quando éramos jovens, namorávamos dentro do Fusca, e foi num desses encontros amorosos, que descobrimos exatamente o dia e o local, no qual você foi concebido.
O jovem estampou um sorriso meigo e nunca mais reclamou de dirigir o velho Fusca do pai. De fato, há pessoas apegadas a coisas materiais, por mais que não soubemos quais são os seus motivos. Quase sempre, são reminiscências inesquecíveis e remotas, com valores incalculáveis, trazidos do mais íntimo da alma. Coisas, talvez, sem valores para quem não vivenciou tais momentos. Porém, a quem esse elo material pertence , é um encanto embalsamado, que se tenta conservar e serve de pano de fundo para preencher e embriagar, aquele antigo e mais terno sentimento.
Manoel Antunes da Silva Fernandes